O BondyBH foi criado para que jovens do Brasil e da França possam se comunicar e trocar informações sobre os trabalhos que desenvolvem em suas escolas. O grupo da França participa de projetos experimentais envolvendo produção multimídia na Escola Jean Renoir, em Bondy. Em 2009 a E.M. Paulo Mendes Campos recebeu o projeto de intercâmbio BondyBH e envolveu estudantes em oficinas de comunicação com apoio da organização não governamental Oficina de Imagens - Comunicação e Educação.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Ibrahima Gaye, cônsul do Senegal em Belo Horizonte/Brasil.

Entrevista realizada por Rodrigo Corrêa, com o senegalês Ibrahima Gaye, da Casa África*, durante lançamento do Festival Internacional da Arte Negra – Semana Cultural do Senegal, na Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte.

Rodrigo: Ibrahima, como havia lhe falado, os jovens da Escola Jean Renoir, em Bondy/França, irão conhecer o Senegal. Aqui no Brasil você comemora todos os anos a libertação do seu país, quando o Senegal deixou de ser colônia francesa. Para você, o que representa a libertação do Senegal?

Ibrahima: Esta comemoração tem vários propósitos, um deles é mostrar para o mundo inteiro que as pessoas do Senegal precisam viver em paz, precisam viver livres. Esta é uma marcha muito triste, todo mundo conheceu, toda a comunidade internacional pôde acompanhar o que foi a escravidão, a colonização, a neo-colonização e, hoje, o que é a a globalização no Senegal e seus efeitos. Aqui no Brasil a Semana Cultural do Senegal é um momento de troca. É o momento de trazer à tona a cultura e a história do Senegal para o povo Brasileiro, trazer o que o Senegal representa, trazer o que os filhos dos senegaleses pensam, sonham e criam.

Rodrigo: O que ainda resta da colonização francesa, além da língua, no Senegal?

Ibrahima: Na verdade, apesar de ter acontecido uma dominação bélica, a dominação mais profunda que seria o senegalês assimilar a cultura do outro, nunca aconteceu. Primeiro porque todas as línguas senegalesas foram mantidas. Segundo porque a França é católica e o Senegal tem 95% de mulçumanos. A cultura geral senegalesa continua autêntica, suas comidas, suas músicas. O que ficou da França? Ficou a língua. Na verdade a língua francesa acabou sendo um instrumento de união nacional pois, como temos vários idiomas, as pessoas conseguem se entender numa língua só que é a francesa. A cultura senegalesa nunca se perdeu durante a colonização. Em toda a história do Senegal o povo sempre resistiu para manter sua cultura.

Rodrigo: Você foi nomeado Cônsul do Senegal em Belo Horizonte. O que este título pode influenciar em termos das ações voltadas para a cultura negra na nossa cidade e para a própria relação Brasil-Senegal?

Ibrahima: Na verdade quando eu falo do meu trabalho você vê que tudo feito pela Casa África é voltado para a comunidade negra em Minas Gerais**. Agora será possível ampliar isso pois falamos como representantes oficiais do governo senegalês.

* www.casaafrica.com.br
** Belo Horizonte, BH, é a capital do Estado de Minas Gerais.

ps: E então? Gostariam de fazer alguma pergunta para o Ibrahima?


Entretien réalisé par Rodrigo Côrrea avec le consul du Sénégal à Belo Horizonte, Ibrahima Gaye, pendant l'ouverture du Festival International de l'Art Noir – Semaine Culturelle du Sénégal, dans la 'Camera dos Vereadores'.

Rodrigo: Ibrahima, comme je vous l'avais déjà dit, les jeunes du Lycée Jean Renoir, à Bondy (France) vont faire un voyage au Sénégal. Ici, au Brésil, vous commémorez tous les ans la libération de votre pays, quand l'indépendance a été obtenue. Que que représente pour vous la libération du Sénégal?

Ibrahima: Cette célébration a plusieurs objectifs. Un d'entre eux est de montrer au monde que les personnes du Sénégal ont besoin de vivre en paix et en liberté. C'est une histoire très triste. Tout le monde a connu, toute la communauté internationale a pu suivre ce qu'a été l'esclavage, la colonisation, la néocolonisation et, aujourd'hui, ce qu'est la globalisation au Sénégal, ainsi que ses effets. Ici, au Brésil, la Semaine Culturelle du Sénégal est un moment de partage. C'est l'occasion de montrer au peuple brésilien la culture et l'histoire du Sénégal, de montrer ce que le Sénégal représente et ce que les enfants des Sénégalais pensent, rêvent et créent.

Rodrigo: Qu'est-ce qui reste de la colonisation au Sénégal, à part la langue?

Ibrahima: En fait, malgré la domination militaire, la domination plus profonde qui serait l'assimilation de la culture de l'autre n'est jamais arrivée. D'abord parce que toutes les langues sénégalaises ont été préservées. Mais aussi parce que la France est un pays catholique, alors que 95% de la population du Sénégal est musulmane. La culture sénégalaise reste authentique, la nourriture, la musique... Qu'est qui reste donc de la France? La langue. En réalité, la langue française est devenue un outil d'union nationale parce que, étant donné que nous avons plusieurs langues, c'est à travers de la langue française que nous pouvons nous comprendre. La culture sénégalaise ne s'est jamais perdue. Tout au long de l'histoire du Sénégal, le peuple a lutté pour garder sa culture.

Rodrigo: Vous avez été nommé Consul du Sénégal à Belo Horizonte. Qu'est-ce que ce titre représente en termes d'actions pour la culture noire dans notre ville, ainsi que pour la relation Brésil-Sénégal?

Ibrahima: En fait, quand je parle de mon travail, vous voyez que tout ce qui a été fait par la Maison d'Afrique est detiné la communauté noire de Minas Gerais ** Maintenant, nous pouvons développer tout cela parce que nous parlons en tant que représentants officiels du gouvernement sénégalais.

* Maison Afrique

** Belo Horizonte, BH, est la capitale de l'état de Minas Gerais.


PS: Alors, avez-vous des questions pour Ibrahima? :-)

2 comentários:

  1. L'interview est très intéressante merci Rodrigo, mais j aimerais savoir comment les français sont perçu par la population la bas? Et existe t-il une émigration sénégalaise au Brésil ? Et si oui y a t-il un problème d intégration pour eux ?

    Thibault

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  2. A entrevista é bem interessante. Valeu, Rodrigo. Mas eu gostaria de saber como os franceses são vistos pela população do Senegal. E se existe uma emigração senegalesa para o Brasil? E se existe, eles enfrentam algum problema de integração?

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